Por Robson Braga de Andrade*
Enfrentamos, há décadas, graves obstáculos ao desenvolvimento econômico e social. Os empreendedores brasileiros têm planos de investimentos adiados por uma série de problemas crônicos, além de eventuais entraves conjunturais que tornam o cenário adverso. Só será possível crescer de maneira sustentada e vigorosa, evitando o costumeiro “voo de galinha” e o descontrole da inflação, quando combatermos definitivamente o Custo Brasil, que encarece a produção e tira a competitividade dos nossos produtos.
Os entraves são muitos: burocracia sufocante, custos altos de produção, sistema tributário anacrônico, educação formal de baixa qualidade, insegurança jurídica, marcos legais ultrapassados em setores essenciais da economia e infraestrutura deficiente. Também atrapalham muito: legislação trabalhista ainda em descompasso com as exigências do mundo moderno, estruturas estatais dispendiosas e lentas, e financiamento escasso e caro, entre tantos outros fatores. Nesse caos diário, empreender, no Brasil, é extremamente difícil.
Consertar todos esses problemas não é uma tarefa trivial, mas é possível. Para termos sucesso nessa empreitada, devemos consolidar no país uma mentalidade a favor da competitividade, com governo, empresas, trabalhadores e sociedade empenhando-se de modo a viabilizar reformas fundamentais para destravar o crescimento econômico. As duas principais são a reforma tributária, para acabar com o pesadelo que é o atual sistema de cobrança de impostos; e a administrativa, que visa dar mais agilidade e leveza ao Estado brasileiro.
A pandemia da Covid-19, que ceifou tantas vidas e causou uma crise econômica de proporções gigantescas, reforçou a necessidade de atacarmos as fragilidades que comprometem o bom desempenho da indústria nacional. Interrupções na cadeia de fornecimento de componentes afetaram a capacidade operacional das fábricas, o que fez a produção cair e os preços subirem. A crise sanitária mostrou que não podemos ser dependentes de suprimentos externos e, mais do que nunca, precisamos facilitar a produção das nossas indústrias.
Segundo estudo do Movimento Brasil Competitivo e do Ministério da Economia, o Custo Brasil retira R$ 1,5 trilhão das empresas por ano. Essa sangria, que equivale a 22% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), é superior ao total da produção industrial nacional. Tudo isso encarece demasiadamente os produtos brasileiros, retirando a capacidade de competirmos em igualdade de condições nos mercados externo e interno – os importados são submetidos, nos países de origem, a custos de produção muito menores.
Diante desse quadro disfuncional, comemoramos a criação do núcleo industrial do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresas (IREE), sob a competente presidência de Armando de Queiroz Monteiro Bisneto. O IREE Indústria promoverá estudos e debates sobre temas da mais alta importância para impulsionar a indústria brasileira, especialmente as reformas estruturais e o combate ao Custo Brasil. Unir setores público e privado na busca de soluções para os entraves ao desenvolvimento é uma medida básica para avançarmos.
Nós, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), temos certeza de que a iniciativa será muito bem-sucedida na missão não só de ajudar a identificar as causas das dificuldades da economia brasileira, mas também na de propor caminhos inteligentes para superá-las. O IREE Indústria contribuirá para o fortalecimento e a diversificação do setor produtivo, o que é primordial para o desenvolvimento econômico e social do país. Seja bem-vindo, IREE Indústria.
* Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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