O errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo. Essa máxima vem de berço. Meus pais com muita garra me presentearam com esse legado que carrego na minha vida e pauto os meus filhos.
Isso se somava quando ainda criança eles acordavam cedo para trazerem o sustento da nossa família e a busca de um futuro melhor para cada filho.
Com esse pilar, aprendi na vida que para construir uma carreira de sucesso, precisamos lembrar dos valores que nos formaram para que nos orgulhemos quando chegarmos ao topo.
Hoje observo perplexo que muitas vezes as coisas ao nosso redor acontecem da maneira errada, mas cabe a nós termos a índole correta para fazer e respeitar o que é o certo.
Um pandemônio acontece no âmbito político em nosso país. É como se um furacão devastasse tudo o que aprendemos sobre ética. É necessário discutirmos isso, urgentemente, pois estamos indo num caminho que o cultivo do “fazer errado” parece que está certo. E isso pode um dia se tornar irreversível.
A corrupção impregnada na nossa política, infelizmente, demonstra esse cenário nefasto.
O famoso “roubou, mas fez” me faz indagar: estamos num caminho sem volta?
Na mesma velocidade que toda essa ação maléfica acontece ao nosso redor, estamos vendo as coisas acontecerem sem o menor sinal de uma possível solução para mudar nossa realidade.
Exemplo disso é o surgimento de casos e mais casos de corrupção em nosso país como o mensalão, petrolão, superfaturamento na área da saúde em plena pandemia e a rachadinha.
Uma disputa entre o bem e o mal vem se formando. E no Brasil estamos nos acostumando com o lado obscuro, longe da luz e clareza da verdade e do idôneo. Ou seja, um cultivo pernicioso.
Há pouco mais de 1 ano e 5 meses vejo grande parte da imprensa noticiar que a modalidade ilegal apelidada de “rachadinha” é uma prática normal e corriqueira em todo o Brasil dentro dos cargos de confiança nos Poderes Executivo e Legislativo.
Ora, a prática da corrupção sendo colocada como normal na vida do brasileiro.
E ao nosso redor vemos o resultado de tudo isso refletido em nossa população. Parece que no meio de tanta coisa errada acontecendo junto, nós tivéssemos esquecido do que é certo e do que é errado.
Os conceitos estão se misturando. Respeitar o certo ficou de lado.
O Sermão do Bom Ladrão, proferido em 1655 pelo Padre António Vieira, nunca esteve tão atual ilustrando o cenário brasileiro.
Nele, Vieira critica “a arte de roubar”, mostrando ao povo português como funcionava a roubalheira no Brasil-colônia. De forma indignada, compara o pequeno ladrão que rouba para comer ao grande ladrão que rouba impérios. Ele diz assim:
“Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigos: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam”.
Ele mostra o seu profundo entendimento sobre os problemas do Brasil. Uma crítica a aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente. Um mundo obscuro de riquezas ilícitas e gestões fraudulentas.
Levando os tempos atuais, o sermão nos faz refletir quem rouba reinos e quem rouba para comer.
Vi acenos de que um era pior do que o outro quando, pois outrora, o diretor da Petrobras teria roubado R$ 90 milhões, já o filho apenas R$ 2 milhões .
Ora, qual é a avaliação do ladrão? Padre Vieira já alertava isso há quase 400 anos.
Devemos ter em mente que não existe diferença de ladrão, seja ele de direita ou de esquerda, tampouco conservador ou liberal. Ambos devem ser extintos da nossa sociedade.
Vamos voltar a lembrar o que são princípios para nós e quais são, verdadeiramente, esses valores que nos movem.
Vamos criar em nossas mentes que, quanto mais as coisas parecem estar erradas, aí é que precisamos ser responsáveis em trabalharmos como luz diante dessa escuridão.
Um país só muda de verdade quando o seu povo muda. E para mudar, é fundamental mudarmos em todas as áreas de nossa vida.
Tente mudar ao seu redor, no seu âmbito de trabalho, enfim, em qualquer campo busque fazer a diferença. Devemos deixar legados frutíferos para as próximas gerações.
Neste momento tão conturbado que estamos vivendo no Brasil, no debate do certo e errado parece ser cada vez mais fácil cometer o errado.
Essa é a grande questão quando se fala em real mudança, seja para nosso país ou nossa vida.
Essa fraqueza só muda quando lembramos que nascemos para deixar a nossa marca neste mundo, e que para isso acontecer devemos respeitar todos os valores que iremos construir e deixar para as futuras gerações.
Não devemos cultivar a arte de vencer apenas por vencer. Devemos deixar um legado promissor, pois ética, valores e princípios não se compram, nem mesmo se negociam.
Este artigo foi escrito por Major Olimpio e Diego Freire, jornalista especialista em Jornalismo Político e pós-graduado em Ciência Política.
Os artigos de autoria dos colunistas não representam necessariamente a opinião do IREE.
Major Olimpio
É senador do PSL eleito por São Paulo. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e pós-graduado em Comunicação Social, foi oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo por 29 anos. Também já foi deputado estadual (2007-2014) e deputado federal (2015-2018).
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