Presidente da FEBRABAN alerta para a gravidade do cenário inflacionário – IREE

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Presidente da FEBRABAN alerta para a gravidade do cenário inflacionário

Por Samantha Maia

Em webinar promovido pelo IREE Mercado, o Presidente da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), Isaac Sidney, chamou atenção para a importância do papel dos bancos na pandemia, apresentou os números positivos de crescimento do crédito, com redução da inadimplência, e alertou para a gravidade do cenário inflacionário.

“O Banco Central continua sozinho tentando domar a inflação, é importante que a política fiscal ajude de modo a evitar que o BC tenha que subir ainda mais a Selic”, afirmou o executivo.

O evento inaugurou o Ciclo de Diálogos do Mercado Financeiro e de Capitais, série de encontros do IREE Mercado com presidentes das principais associações representativas de agentes econômicos do mercado financeiro e de capitais do Brasil.

Confira abaixo os principais momentos da participação de Isaac Sidney na conversa com o Presidente do IREE Mercado, Henrique Machado. Para assistir ao evento na íntegra, clique aqui.

Projeções econômicas da FEBRABAN

Para Isaac Sidney, a inflação será “o grave problema” da economia brasileira em 2022. A previsão da FEBRABAN é de que a inflação feche 2022 em 6,5%, pelo segundo ano consecutivo acima do teto da meta, de 5%.

“Mais do que termos uma inflação anualizada já se aproximando de 11%, temos algo muito sério, que é a disseminação muito elevada, próxima a 75%. Isso mantém o cenário inflacionário extremamente desafiador, sem falar do ambiente de guerra que vai exercer por si só uma enorme pressão sobre os preços das commodities, das matérias-primas e dos insumos”, afirmou o executivo.

Sidney destacou a vacinação como fator crucial para a retomada da economia em 2021 e alertou para os enormes desafios de 2022. “O cenário para este ano é de baixo crescimento, por uma série fatores. A alta da Selic está deprimindo a atividade, nós temos incertezas no campo eleitoral e no campo externo, e essas incertezas tornam o ambiente mais volátil. A  economia voltou a perder tração no começo deste ano, afetada pela piora da pandemia com a variante ômicron, e também houve dificuldade em alguns setores, como o automobilístico, um mix de falta de funcionários e falta de insumos”, explicou.

A previsão da FEBRABAN para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano é de 0,7%, com uma estabilização do desemprego em 12%. Já a taxa básica de juros deve ter mais três aumentos este ano e chegar a 12,75%, segundo estimativa da entidade. Para o câmbio, a previsão é fechar o ano em torno de 5 reais.

Segundo Sidney, o Banco Central continua sozinho na tarefa de tentar domar a inflação, e não está descartada a possibilidade de um ajuste ainda mais forte. “É fundamental que a política fiscal ajude o Banco Central, de modo a evitar que o BC venha a ter que subir ainda mais a Selic. O risco, que não é desprezível, é de deterioração do quadro fiscal em ano eleitoral com uma Selic ainda mais alta, o que vai deprimir a atividade ainda mais.”

Crescimento do crédito

O Presidente da FEBRABAN destacou os números positivos de crescimento do crédito no período da pandemia e defendeu a importância desse desempenho na retomada econômica. Segundo ele, a demanda das empresas por capital de giro em 2020 foi de 5 a 10 vezes maior que em momentos de normalidade.

“Nós tivemos um crescimento muito robusto do crédito em 2020, de 15,6%, e um crescimento de janeiro de 2021 a janeiro de 2022 de 16,4%, patamares  que mostram a relevância da carteira de crédito para a economia. De março de 2020 a março de 2021, a expansão de crédito foi liderado pelas empresas, devido à queda brutal no faturamento no pior momento da pandemia. A partir de abril de 2021, com a recuperação do consumo, o foco do crédito passou a ser as famílias, com um crescimento jamais visto em momento recente, de 21,5%”, informou Sidney.

Para as empresas, o crescimento do crédito  foi de 21,6% em 2020 e de 10,5% em 2021. Considerando apenas as micro e pequenas, a carteira cresceu mais de 50% em 2020, segundo a FEBRABAN.

A expansão do crédito ocorreu com queda na inadimplência, que passou de 3% no início de 2020 para 2,5% agora. “Isso mostra a qualidade das nossas carteiras, mas não temos expectativa que isso vá permanecer porque as condições financeiras se deterioraram, o aperto monetário do Banco Central é muito forte e as taxas de juros estão subindo, acompanhando a trajetória da Selic”, disse o executivo.

Para 2022, a projeção da FEBRABAN é de crescimento de 7,6% do crédito, um patamar considerado de normalização.

Papel do sistema financeiro na pandemia

 

Segundo Isaac Sidney, o setor bancário brasileiro teve um papel importante durante a pandemia e ajudou o país a recuperar a atividade econômica. “Os bancos serviram de um lado como um muro de contenção em 2020 para evitar uma queda muito mais forte da atividade econômica, e de outro lado funcionaram como uma alavanca para manter a economia funcionando para a recuperação que se viu em 2021.”

O Presidente da FEBRABAN destacou que os bancos disponibilizaram mais de R$ 8 trilhões em crédito desde o início da pandemia e renegociaram R$ 1,1 trilhão de saldos devedores para evitar a inadimplência. “Nunca se viram números tão expressivos de concessão de crédito e repactuação de dívidas. Desconheço que outros players do sistema financeiro tenham feito algo para recuperar a economia nesse período”, afirmou.

Ainda de acordo com o executivo, toda a expansão do crédito foi realizada com recursos dos bancos, que remuneraram as injeções de liquidez, e no caso das linhas de crédito oficiais, os subsídios eram voltados apenas para os tomadores.

Assista à apresentação na íntegra abaixo!

 

 



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