O artigo “Os heróis de farda”, escrito pelo General Sergio Etchegoyen, foi publicado originalmente no jornal O Globo
Por Sergio Etchegoyen
Não resta dúvida de que estamos no meio de uma guerra. O inimigo comum, invisível e silencioso, ultrapassa fronteiras e invade residências no mundo inteiro, atinge centenas de milhares de pessoas e ceifa incontáveis vidas. Mas, mesmo nesse cenário assustador, em que a sensação de normalidade foi tirada abruptamente dos cidadãos, continuamos tocando nossas vidas, recolhidos em nossos lares, sem nos darmos conta de que não poderíamos fazê-lo se nossas vidas e patrimônios não estivessem assegurados por uma legião de abnegados e dedicados integrantes dos órgãos de segurança pública (OSP) e das Forças Armadas (FFAA) agora também expostos, além das ameaças típicas de suas atividades, ao risco da pandemia que nos isolou socialmente.
Enquanto você lê este artigo na segurança do seu refúgio doméstico, policiais percorrem as ruas da sua cidade, atuam, auxiliados pelas FFAA, em operações de prevenção e combate ao contrabando, ao tráfico de drogas, armas e pessoas e aos crimes ambientais ao longo dos 16,5 mil quilômetros das fronteiras brasileiras, cuidam de nossos portos e aeroportos, enfrentam criminosos e realizam prisões. Tudo para que você e a sua família possam ficar em casa.
Assim como os bravos e dedicados profissionais de saúde, protagonistas na linha de frente do combate à Covid-19, homens e mulheres do sistema de segurança pública e militares se expõem diuturnamente, longe dos seus lares, ao perigo onipresente do contágio para preservar a ordem pública e proporcionar segurança.
São quase 600 mil policiais militares e civis, 1,6 mil agentes na fronteira, além de centenas de milhares de policiais rodoviários, da área científica, Corpo de Bombeiros, guardas municipais, integrantes da Polícia Federal, Receita Federal e Forças Armadas. Eles atuam nas nossas fronteiras, estradas, cidades, portos e aeroportos e zelam pela manutenção da lei e da segurança pública por todo o país.
Neste momento de privação, eles se desdobram em plantões, assim como os profissionais da saúde se multiplicam em hospitais para aliviar a dor e salvar vidas.
Verdadeiros heróis, com e sem farda, que deixam suas famílias para cuidar das nossas.
Essas pessoas tão especiais, verdadeiros heróis anônimos, merecem a nossa retribuição. Dediquemos-lhes diariamente alguns momentos de oração e, quando possível, externemos a gratidão e a solidariedade que merecem.
Ao render a todos eles a merecida homenagem, lembro uma frase do Padre Vieira, atualíssima nestes dias de tantos heróis a homenagear: “Há homens que são como as velas, sacrificam-se para dar luz aos outros.”
Sergio Etchegoyen é General de Exército do Exército Brasileiro e foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência.
Por Equipe IREE
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