O Índice Nacional de Preços ao Consumir Amplo (IPCA) apresentou recuo de 0,68% no mês de julho de 2022, depois de ter passado por uma variação positiva de 0,67% no mês anterior. Essa se configura como a menor taxa mensal da série histórica, que iniciou no ano de 1980. No entanto, o resultado acumulado para 12 meses segue em dois dígitos, perfazendo o total de 10,07%.
A deflação teve como maior impacto individual a queda da gasolina, que contribuiu com a queda de -1,04 ponto percentual no índice. O preço da gasolina caiu 15,48% e o do etanol 11,38% no período.
Variação mensal da inflação (%) medido pelo IPCA

Fonte: IBGE
O custo da energia também contribuiu para a redução do índice, apresentando queda de 5,78%, seguido do preço do gás de botijão que apresentou redução de 0,36%.
No entanto, como avaliamos em comunicado passado, a possibilidade de manutenção de um cenário de queda generalizada dos preços teve fôlego curto. Uma vez reduzidas as alíquotas incidentes de ICMS sobre os combustíveis, os seus preços devem estabilizar, e estabilizar em patamar elevado, já que a queda foi sobre uma base de precificação muito elevada. Apenas a título de exemplo, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2012, a gasolina apresentou aumento médio na bomba de 51% e foi reduzida em apenas 15,38%. Portanto, em que pese a redução, os preços seguem elevados.
Há um elemento que deve comparecer na análise que é a forma desigual com que diferentes grupos sociais perceberão a queda na inflação. Como a principal baixa foi nos preços da gasolina, e não no diesel, seus efeitos de espraiamento para aqueles que não utilizam carro individual devem ser muito dirimido. Por outro lado, o principal item que afeta a cesta de consumo dos mais pobres – os alimentos – apresentaram alta expressiva, de 1,30% no mês de julho. A maior pressão veio do leite longa vida, que variou 25,46% e impactou seis derivados como o queijo, que teve alta de 5,28%, a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%).
CEE
O Centro de Estudos de Economia (CEE) é um núcleo do IREE chefiado pela economista Juliane Furno que se dedica a diagnosticar os principais obstáculos e problemas da economia brasileira por meio de criterioso estudo e um permanente exercício de diálogo entre os vários agentes da sociedade. Saiba mais em: iree.org.br/economia
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Juliane Furno
É Economista-Chefe do IREE. Cientista social, mestre e doutora em Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia da Unicamp. Especialista em mercado de trabalho, desenvolvimento econômico e política industrial no setor de Petróleo e Gás.
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