Eventos climáticos extremos: ondas de calor, ressacas e secas – IREE

Análises e Editorial

Eventos climáticos extremos: ondas de calor, ressacas e secas

O ano de 2023 tem ganhado destaque como um capítulo crítico nos registros climáticos, com a ocorrência de eventos extremos em diversas regiões do planeta. Cientistas do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, alertam que este será o ano mais quente em 125 mil anos, o que evidencia a preocupante tendência de aumento das temperaturas globais.

Outubro passado ficou marcado como o mês mais quente da história, um indicativo alarmante dos desafios climáticos que enfrentamos. O calor recorde é atribuído às persistentes emissões de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, e ao fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e libera calor para a atmosfera.

Seca na Amazônia e fumaça em Manaus

Dados do Inpe revelaram um recorde assustador de 22.061 focos de calor na Amazônia em outubro de 2023, o maior desde 2008. Essa alta atividade de queimadas contribuiu para a piora da qualidade do ar em Manaus, que atingiu níveis considerados péssimos para a saúde da população da cidade que tem sido tomada pela fumaça.

A seca na Amazônia tornou o trabalho dos brigadistas mais desafiador e o presidente do Ibama admitiu a falta de estrutura para conter o forte aumento das queimadas. Apesar da queda de 23% no desmatamento entre agosto de 2022 e julho de 2023, os incêndios persistem, influenciados por causas temporais e variáveis diversas.

Além disso, o nível do Rio Negro, abaixo de 13 metros, continua a afetar diretamente mais de 150 mil famílias na região. Além do impacto na navegabilidade dos rios, o nível mais baixo eleva a temperatura das águas a níveis letais para muitas espécies aquáticas. Peixes já enfrentam risco de redução populacional e até mesmo extinção, o que pode gerar uma crise socioeconômica, além de ambiental, na região.

Ciclone no Sul

Na última semana, um ciclone no Sul combinado com uma frente fria provocaram um temporal com rajadas de vento de até 100 km/h em São Paulo e uma ressaca na costa do Rio de Janeiro.

No Rio, as tempestades com ventos de até 60 km/h geraram ondas de até cinco metros e um adolescente de 16 anos morreu afogado. Milhares de famílias ficaram sem luz em São Paulo.

Onda de calor nas capitais brasileiras

No último fim de semana, capitais brasileiras sofreram ondas de calor: no Rio de Janeiro, a máxima atingiu 42,5ºC, superando o recorde anterior de 41,8ºC em fevereiro. São Paulo teve a média da temperatura máxima atingindo 36,9ºC, o maior valor para novembro desde 2004. Curitiba registrou 34,8ºC, o segundo recorde consecutivo de calor em 2023 e Vitória marcou 37,7ºC, ultrapassando o recorde anterior de 37,1ºC em 4 de novembro.

O aumento da intensidade da onda de calor que afeta o Brasil fez o Inmet ampliar, nesta segunda, o alerta de “grande perigo” para 15 estados e o Distrito Federal. 

Alerta 

Especialistas expressam preocupações sobre o caminho em direção ao colapso global, e destacam a necessidade cada vez mais urgente de controle das emissões de gases de efeito estufa para combater o aquecimento global e evitar eventos climáticos extremos. O ano de 2023 serve como mais um alerta para a ação imediata para preservação do planeta e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

 



Por Juliana Pithon

Leia também