Por Silvio Almeida e Júlio César Vellozo*
Às vésperas do Bicentenário da Independência do Brasil, o IREE lança o Centro de Estudos Brasileiros (CEB). Seu objetivo é ser um núcleo propulsor de estudos e debates sobre o passado, o presente e o futuro do Brasil.
Estamos em um momento de aporia e a sensação que toma conta do Brasil é a de que vivemos um impasse. Desde que nos tornamos uma nação independente este é um dos momentos de maior incerteza sobre o rumo que o país deve tomar.
Se somos uma “comunidade de destino” – como Otto Bauer se referia às nações -, decidir para onde vamos passa por compreender de onde estamos vindo e que caminhos trilhamos até aqui. Igualmente importante é fazer um bom diagnóstico do presente, seus dilemas, perigos e oportunidades.
Webinar: Bicentenário da Independência e a reconstrução do Brasil
A pauta de estudos do CEB/IREE passa pela economia, pela política, pela cultura, pela questão racial e pelo direito. Tudo visto na diacronia, em seu processo de formação, a exemplo da melhor tradição das elaborações daqueles que têm, desde o século XIX, pensado o Brasil.
Consideramos que uma nação é uma comunidade de culturas e não há a possibilidade de compreender o Brasil sem perscrutar a alma do país, olhando para tudo aquilo que, mesmo sendo imaterial, dota de sentido a existência dos brasileiros. O centro está tão interessado em economia e Estado, quanto em pensar a arte, as religiosidades, o futebol e tudo aquilo que organiza o nosso modo particular de dar significado ao mundo.
O centro nasce em um momento especial, neste bicentenário da Independência. Infelizmente, ao contrário do que vemos em nossos vizinhos das Américas, há pouca agitação em torno da data por aqui. Desânimo? Falta de perspectiva? Desesperança? Uma ausência de fé no futuro que provoca um desinteresse pelo passado? Não temos a resposta. Isso também será discutido pelo CEB/IREE. De todo modo, a nossa convicção é que não podemos continuar assim, porque a data é uma oportunidade imensa para a reflexão.
Como em 1922, no Centenário, quando o país foi sacudido por eventos como os 18 do forte, a semana de arte moderna, ações estatais diversas e protestos criadores, precisamos de um Bicentenário rebelde e festivo, curioso e criativo, crítico e esperançoso. Um Bicentenário movido pelo compromisso com o futuro e pela alegria de quem abre novos caminhos.
* Silvio Almeida é Presidente do Centro de Estudos Brasileiros do IREE, advogado e professor do Mackenzie e da FGV-EAESP
* Júlio César Vellozo é Diretor do Centro de Estudos Brasileiros do IREE, historiador e professor do Mackenzie e da Fadisp