Na edição moderna das Pragas do Egito, nem saímos da Covid e entramos na Varíola dos Macacos. Não sabemos até onde isso vai, porém aguardo, ansioso, o “presidente” se pronunciar e nos avisar que é “só uma coceirinha”. Ou distribuir cloroquina para os contaminados. Ou talvez imitar um macaco num pronunciamento público. Pensando bem, isso ele faz sempre, com enorme perfeição.
Vejo as pesquisas, e constato que ele se mantém na mesma média, sempre. Aproximadamente 25% dos brasileiros o apoiam. Permitam-me uma digressão: um sujeito não queria mais ter filhos, pois não sabia falar chinês. Não entenderam, e ele explicou: de cada 4 crianças que nascem no mundo, uma é chinesa. Já tenho 3…
Pois é isso: a cada 4 brasileiros, um acha normal votar nessa criatura. E você não entende o que se passa na cabeça deste 1/4. A vida deles não melhorou, isso é certo: a vida de ALGUNS melhorou e muito, mas são muito poucos. E esses cujas vidas estão piores que nunca, reconhecem que no governo Lula estiveram bem, ganharam dinheiro, viajaram, mas não aguentaram a “roubalheira”. Atualmente ninguém rouba, temos o governo mais probo do mundo! Temos orçamento secreto, temos sigilo no cartão corporativo, mas é tudo às claras: nos esfregam na cara o que acontece. Ok, tudo sigiloso e secreto, mas eles não escondem que existe uma irregularidade, apenas ocultam os detalhes. Apropriado para um “presidente” que nunca escondeu quem de fato é.
Isso, aliás, merece um estudo: ele sempre disse os maiores absurdos, era lobo em pele de lobo, não suavizava seu “pensamento”. Até zoofilia confessou! Ainda assim, gente dita normal depositou sua confiança nele, talvez na suposição que ele não pudesse ser ainda pior do que propagou ao longo dos anos. Mas quem disse que ele falou tudo? Ainda havia profundidades ali, cantos mais escuros ainda. O grande Manoel de Barros disse que “é mais fácil fazer da tolice um regalo que da sensatez”; disse também que “sobre o nada eu tenho profundidades”. É curioso que sobre uma pessoa isso seja poesia, e da melhor qualidade; sobre outra, apenas a constatação de sua indigência interna.
Mas o fato é que 25% da população ainda vai tentar nos impingir mais 4 anos disso. Isso, caso ele mesmo não resolva fazer democracia com as próprias mãos e dar o anunciado golpe. Há uma saída: fazê-lo senador vitalício e garantir uma vida sem cadeia. Claro, isso não se aplica aos filhos e amigos, mas estes, com os tais 25%, se elegem e se safam.
Quem se safa é safado? Tenho enormes dificuldades com a língua portuguesa…
Aí temos a terceira via. A direita envergonhada tenta um caminho mais suave, depois de ter eleito a criatura. E a esquerda envergonhada, idem. Resultado: uns 3% para os nanicos de direita e 8% para Ciro.
Ah, Ciro… Disparado o mais articulado de todos, tem solução para tudo, fala bem, fala rápido, metralha números e estatísticas com uma velocidade alucinante. Ninguém sabe se está correto, talvez nem ele, mas não consegue comover o povo. Fica feliz em tirar votos de Lula, numa vingança por 2018, quando poderia derrotar Bozo no segundo turno e o PT não aceitou renunciar em seu favor. Então ele, um estadista, foi passear.
Bogart fala para Ingrid Bergman, no final de Casablanca:
-Nós sempre teremos Paris.
Ciro também. E nós não esquecemos.
Os artigos de autoria dos colunistas não representam necessariamente a opinião do IREE.
Ricardo Dias
Tem formação de Violonista Clássico e é luthier há mais de 30 anos, além de ser escritor, compositor e músico. É moderador do maior fórum de violão clássico em língua portuguesa (violao.org), um dos maiores do mundo no tema e também autor do livro “Sérgio Abreu – uma biografia”.
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