Confira aqui a análise sobre Mercado de Trabalho, Desigualdade e Políticas Sociais produzida pelo Centro de Estudos de Economia do IREE, na edição semanal do Boletim de junho de 2021!
Mercado de Trabalho é pouco sensível a estímulos econômicos curtos
O mercado de trabalho representa um conjunto de variáveis – especialmente ligados ao emprego e à renda – que têm baixa elasticidade em relação aos demais setores. Isso sugere que o emprego e o desemprego são menos sensíveis a choques curtos, logrando características de permanência de mais longo prazo.
A desaceleração que a economia brasileira já vivenciava no último trimestre de 2019 e a contração no primeiro trimestre de 2020 – portanto pré-pandemia – não foram significativas para aumentar a taxa de desemprego aberto, embora só a sua manutenção no patamar de dois dígitos já fosse sugestiva de um ciclo longo de crise/baixo crescimento.
Se o nível de emprego permanece relativamente estável em relação às desacelerações e contrações curtas, por outro lado ele também manifesta pouca capacidade de resposta positiva a períodos também curtos de crescimento. Em outro boletim trataremos com mais atenção o fenômeno atual em que diversos setores já retornaram aos padrões de produção/venda pré-crise com um nível de emprego bastante baixo.
Por hora, fazemos referência ao fato de que a última PNAD trimestral, referente ao primeiro trimestre de 2021, sugere que, ao contrário da retomada, a normalização da economia brasileira e seu posterior crescimento deverão trilhar um caminho mais longo. No exato momento a taxa de desemprego tem correlação clara com períodos de aumento nas taxa de contaminação e na curva de óbitos diários. Assim, apenas a imunização célere da população é capaz de criar possibilidades de estabilização da taxa.
No entanto, em que pese a vacinação seja condição necessária, ela não é suficiente, uma vez que o desemprego já apresentava um patamar alto e resiliente no Brasil e, ao que tudo indica, diversos setores retomarão o seu nível de atividade poupando ainda mais mão-de-obra, o que compromete o emprego.
Segundo os dados apresentados na última PNAD, o total de pessoas desocupadas foi de 14,8 milhões, o que fez elevar em 6,3% (880 mil pessoas) o continente de desempregos no trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2020, o aumento foi de 15,2%, o que perfaz o total de 2 milhões a mais de pessoas sem ocupação.
O desemprego elevado ainda tem sido acompanhado de outro elemento que concorre para ditar um ritmo mais lendo de crescimento econômico que é a queda da massa salarial total, um dos elementos que impacta o Produto pela ótica da demanda.
A massa salarial total da população teve uma contração de um pouco mais de R$ 3 bilhões no primeiro trimestre de 2021 em comparação ao último trimestre de 2020. Esse elemento agrava o problema de demanda na economia brasileira, retardando o crescimento do Produto.
Do ponto de vista do emprego formal, embora o CAGED tenha apresentado, no mês de março, um saldo positivo de 184 mil novos postos de trabalho, a PNAD segue apontando recuo no emprego formal, como pode ser observado no gráfico abaixo.
O Boletim de Política Econômica do IREE é produzido pela economista-chefe Juliane Furno e pelos assistentes de pesquisa Daniel Fogo e Lígia Toneto.
Veja também:
Boletim Mensal de Política Econômica – Maio de 2021
Boletim Mensal de Política Econômica – Abril de 2021
Boletim Mensal de Política Econômica – Março de 2021
Boletim Mensal de Política Econômica – Fevereiro de 2021
Boletim Mensal de Política Econômica – Janeiro de 2021
Boletim Mensal de Política Econômica – Dezembro de 2020
Boletim Mensal de Política Econômica – Novembro de 2020
Boletim Mensal de Política Econômica – Outubro de 2020
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