Historicamente, o sistema de segurança pública brasileiro não priorizou a dimensão da prevenção, cultuamos mais a repressão como forma de gestar o setor.

As principais referências de política de prevenção à violência se dão na esfera dos municípios, que gradativamente vêm se inserindo na segurança pública. Com ações focadas nos territórios mais periféricos, o poder público local está incluindo a cultura de paz e ações intersetoriais de prevenção à violência na lógica da segurança pública.

É nesta perspectiva que Ligia Daher e Cristina Villanova, acadêmicas e gestoras públicas de primeira linha, escrevem dois artigos para o Núcleo de Segurança Pública na Democracia do IREE.

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O webinar de debate com as especialistas pode ser visto aqui.

Leia também: “Diretrizes Gerais para uma Segurança Pública Democrática, Cidadã e Antirracista”

Confira a seguir trechos dos artigos.

Uma política qualificada e consistente de prevenção exige que se inove nos mecanismos político-administrativos de gestão. Exige que se tenha um processo de governança cooperativa capaz de conduzir a uma mudança cultural que se expresse nas práticas institucionais e nas relações entre Estado e sociedade, de maneira sustentável. Exatamente por serem multicausais as violências, as estratégias preventivas devem ser múltiplas e desenvolvidas de maneira coordenada, intersetorial e integrada, com o envolvimento de múltiplos atores públicos e sociais, com vistas à redução dos fatores de risco e ao aumento dos fatores de proteção associados ao crime e às violências. –  Ligia Daher

É importante destacar que não estamos tratando do tema da prevenção à violência a partir do policiamento ostensivo e da restrição de liberdade, mas sim sob uma perspectiva de política pública que possibilite a integração de programas intersetoriais, em âmbito local, sejam eles federais, estaduais ou municipais, voltados a reduzir a incidência de crimes e de violência e/ou seus efeitos negativos sobre os indivíduos, famílias, grupos e comunidades. Esses programas devem atuar sobre fatores de risco e de proteção, conforme as estratégias que devem ser estruturadas por meio da gestão da política pública, com a complexidade da própria compreensão da dinâmica da violência em cada local. – Cristina Villanova