Você já se perguntou por que os produtos importados são tão caros e os produtos nacionais são tão ruins? Por que, por exemplo, um Iphone X, custa 3 mil reais nos Estados Unidos e 7 mil reais no Brasil? A resposta é uma das principais bandeiras defendidas por partidos como PT, PSOL e PCdoB: protecionismo.
Imagine que você tenha pais superprotetores que fiquem te sustentando e nunca te deixem sair de casa. Você passa toda a infância, adolescência e vida adulta trancado em casa. Quando você chega aos 60 anos de idade, seus pais morrem. E aí, o que você faz?
Você não sabe fazer nada, nem ir até a esquina para pegar um ônibus. Foi basicamente isso que aconteceu com a indústria brasileira.
Sob o pretexto de proteger e incentivar a indústria nacional, a ex-presidente Dilma Rousseff tomou duas medidas protecionistas. A primeira foi uma política de conteúdo local: a petista determinou que as montadoras de carros deveriam ter pelo menos 65% de peças nacionais para não pagar o IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados.
No governo anterior, Lula tomara uma medida parecida para as sondas e plataformas encomendadas pela Petrobras – o que, de acordo com estudo da AbesPetro (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo), acabou com centenas de milhares de empregos.
A outra medida foi literalmente tirar dinheiro dos pobres para dar aos ricos. Através do BNDES, o governo tirou dinheiro da população – impostos – e emprestou para grandes empresas de automóveis a juros subsidiados. Algumas empresas nunca pagaram o empréstimo. O seu zé, que vende pipoca na esquina, emprestou o dinheiro que não tinha para Joesleys e Eikes da vida.
Os resultados das políticas implementadas por Dilma foram bem eloquentes. Em 2014, a balança comercial brasileira teve o pior resultado desde 1998: importamos 3,93 bilhões de reais em produtos a mais do que exportamos. A participação da indústria no PIB passou de 16.6% em 2008 para 10.9% em 2014.
Em 2015, milhares de operários de montadoras de veículos foram demitidos. Ou seja, o tal incentivo à indústria nacional fez a indústria nacional afundar ainda mais.
A indústria brasileira ficou mimada. Sendo protegida do mercado internacional às custas do dinheiro do pagador de impostos, investiu menos em inovação e tecnologia. Também não teve incentivos para diminuir seus preços, afinal, produtos importados ficaram caríssimos.
Os próprios representantes da indústria nacional admitem isso: Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria, disse o seguinte em entrevista para a revista Exame: “Um dos motivos da perda de competitividade da indústria é a defasagem tecnológica, um efeito negativo do fato de não termos internacionalizado nossas empresas.”
Outro efeito perverso do protecionismo é que, como o nosso país aumentou os impostos sobre produtos importados, outros países também aumentaram os impostos sobre produtos brasileiros, o que dificultou a exportação. Ou seja: exportamos menos e pagamos mais caro para importar.
O protecionismo não foi inventado pelo PT. Desde Dom João políticas de conteúdo local e subsídios para produtos nacionais foram implementados e falharam. O governo Ernesto Geisel, por exemplo, forçou a população a substituir os produtos importados por nacionais.
Ou seja, a sociedade não pôde importar alimentos, bebidas, roupas, calçados, brinquedos, carros e mais uma série de coisas. O resultado? O brasileiro era obrigado a usar um dos piores e mais caros carros do mundo e a informática demorou mais de 10 anos para se popularizar no Brasil. O fracasso foi tamanho que um dos motivos da eleição do Collor foi a sua coragem em a verdade: o brasileiro era obrigado a andar em carroças.
Se o protecionismo já foi tentado inúmeras vezes e nunca deu certo, por que continuam insistindo nessa política fracassada? A resposta é simples. Em Setembro no ano passado, o Ministério Público federal denunciou o ex-presidente Lula por corrupção passiva. O motivo? Montadoras do norte, nordeste e centro-oeste pagaram propina para o petista em troca de uma medida provisória que garantiu aumento no prazo da isenção do IPI.
Como o leitor bem sabe, sou um liberal. Acredito que boa parte dos problemas da sociedade brasileira está na interferência indevida do governo em diversas áreas, especialmente na economia. Isso não significa que eu acredite que todo empresário é bonzinho.
Pelo contrário, justamente por ser cauteloso em relação ao potencial de destruição do ser humano, acredito que o Estado deva ser mínimo. Maus empresários têm muito mais benefícios quando o governo mete o bedelho no empreendedorismo. O protecionismo é exemplo disso: lobby pesado de empresários que não querem concorrência.
A História mostra que o protecionismo não funciona. Nós pagamos caro por produtos importados não porque o governo quer nos proteger, mas porque ele quer arrecadar mais impostos e agradar grandes industriais que financiam suas campanhas – às vezes, de maneira não republicana.
Enquanto isso, esquerdistas do Leblon, uns por ingenuidade, outros por pura canalhice, insistem no discurso do incentivo à indústria nacional. Para eles, é fácil, eles têm dinheiro para ir para Miami comprar iPhone barato.
Os artigos de autoria dos colunistas não representam necessariamente a opinião do IREE.
Kim Kataguiri
É deputado federal (DEM-SP) e líder do Movimento Brasil Livre (MBL). Foi colunista do IREE até novembro de 2018.