A invisibilidade das mulheres na Independência do Brasil – IREE

Análises e Editorial

A invisibilidade das mulheres na Independência do Brasil

Por Samantha Maia e Juliana Pithon

A participação de mulheres na luta pela independência do Brasil , proclamada em 7 de setembro de 1822, tem sido relegada às sombras da história, mas existem grandes personagens femininas que desafiaram as restrições de gênero da época e contribuíram significativamente com o processo de emancipação política do país.

Uma das figuras mais lembradas é a Imperatriz Maria Leopoldina, que teve um papel relevante por influenciar a nomeação de José Bonifácio como ministro, assinar o decreto de Independência e aconselhar seu marido, então príncipe regente Dom Pedro I, a romper com Portugal. Leopoldina era reconhecida por sua capacidade de leitura política da situação do Brasil e de atuação como chefe de Estado, qualidades atribuídas à educação exemplar que teve como integrante de uma família rica e influente da Europa, os Habsburgo.

Além da primeira Imperatriz do Brasil, porém, outras mulheres com nomes menos lembrados protagonizaram importantes feitos que marcaram a história como Maria Quitéria, Maria Felipa, Bárbara de Alencar, Urânia Valério e Hipólita Jacinto. A memória dessas mulheres têm sido resgatadas por pesquisadoras e historiadoras, como no livro “Independência do Brasil – As mulheres que estavam lá“.

Confira a seguir um pouco sobre essas mulheres.

Maria Quitéria de Jesus

Maria Quitéria de Jesus foi a primeira mulher a ingressar no Exército Brasileiro, mas para se alistar precisou se fingir de homem, adotando a identidade de “Soldado Medeiros” até ter sua identidade revelada. Sua coragem e bom manejo de armas chamavam atenção, e sua atuação inspirou outras mulheres, que formaram um grupo comandado por ela. Em 1823, foi promovida a cadete, reconhecida como heroína da Independência e condecorada por Dom Pedro I com a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Quitéria morreu no anonimato em 1853 em Salvador.

Maria Felipa de Oliveira

Mulher negra da Ilha de Itaparica (BA), a marisqueira Maria Felipa de Oliveira se voluntariou para lutar contra os portugueses e liderou o grupo “Vedetas da Praia”. Usou suas habilidades como comerciante e navegadora para combater os invasores numa batalha em que o abastecimento de comida foi uma questão determinante.

Bárbara de Alencar

Filha de mãe indígena e pai português, a fazendeira Bárbara de Alencar participou da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, em 1824. Reconhecida por seus ideais republicanos, liderou a revolta popular em Crato (CE) que decretou a cidade uma República Independente, pela qual foi presa.

Urânia Vanério

Filha de portugueses, Urânia Vanério testemunhou a execução da abadessa sóror Joana Angélica de Jesus aos 10 anos e denunciou as atrocidades em “Lamentos de uma Baiana”, um dos principais panfletos políticos em defesa da Independência do Brasil.

Hipólita Jacinta Teixeira de Melo

Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, única mulher a participar da Conjuração Mineira, um dos principais movimentos separatistas no Brasil Colônia, mostrou destemor ao dar início ao levante militar após notícia da prisão de Tiradentes. Com a condenação de seu marido ao exílio, Hipólita teve seus bens confiscados, mas ao recuperá-los, distribuiu uma parte entre os mais pobres.



Por Samantha Maia

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