A Enel e o apagão em São Paulo – IREE

Análises e Editorial

A Enel e o apagão em São Paulo

Por Samantha Maia e Juliana Pithon

Em 3 de novembro, municípios da Grande São Paulo foram atingidos por um temporal com ventos de mais de 100km/h que deixou ao menos 2 milhões de pessoas sem energia. Depois de 4 dias, ainda há centenas de imóveis no escuro na região atendida pela concessionária de energia Enel SP. A Associação Comercial de São Paulo estima um prejuízo de R$ 126 milhões para o setor devido à falta de energia.

O apagão em São Paulo escancara uma crise da população com os serviços da italiana Enel, que comprou a Eletropaulo em 2018 e é atualmente a maior distribuidora de energia do Brasil, com concessões em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Ceará. O atendimento da Enel tem sido alvo de queixas que já resultaram em multas à concessionária e até uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar supostas irregularidades.

De acordo com a Aneel, agência nacional responsável por regular o setor elétrico brasileiro, o tempo médio de espera de atendimento da Enel SP para ocorrências emergenciais mais que dobrou nos últimos 5 anos. Segundo levantamento da Arsesp, agência estadual responsável por regular e fiscalizar os serviços de saneamento, gás e energia elétrica no Estado de São Paulo, a Enel reúne 60,5% das reclamações sobre serviço de energia, embora atenda a 38,5% dos consumidores do Estado.

Em 2019, o alto volume de queixas motivou abertura de inquérito pelo Ministério Público e questionamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Em 2022, a Enel foi a 2ª no ranking de queixas do Procon paulista. Em maio de 2023 foi aberta uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para investigar possíveis irregularidades no serviço da concessionária.

A Enel atribui problemas de atendimento principalmente à intensidade de chuvas e às quedas de árvores na região atendida. O cuidado com as árvores e as podas preventivas são de responsabilidade das prefeituras. Decisão da Justiça já estabeleceu, porém, que distribuidora de energia deve adotar ações preventivas em relação a eventos decorrentes da natureza.

Reportagem da CNN revelou que o número de funcionários da Enel SP diminuiu 36% desde a compra da Eletropaulo. Já o universo de clientes atendidos pela concessionária cresceu 7% na Região Metropolitana de São Paulo no mesmo período, chegando a 7,85 milhões de consumidores. Segundo a empresa, a redução de funcionários não mudou a capacidade de execução dos serviços.



Por Samantha Maia

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